Agora a pouco me atentei pra algo em que raramente eu penso: ‘Um dia,  por acaso - ou não - o raio, pode atingir o meu telhado!’ Isso foi idéia  dele, não minha.
Isso mesmo que você ouviu. Ultimamente temos tido conversas assim. Você  sabe, eu e o outro. Algumas conversas meio nostálgicas... Tá, ta, tudo  bem, a maioria delas tem um ar de regressão e análises psicológicas do  nosso passado. Mas tudo isso de forma muito saudável e principalmente,  muito amigável. Eu diria até, muito ‘mimimi’ pro meu gosto. 
Mas isso não importa agora.
No geral temos falado do dia – a – dia, das nossas rotinas, das pessoas e  de como estamos uns aos outros, e os outros hoje. Às vezes acho essas  conversas sentimentalistas demais, profundas demais e falsas demais. Mas  isso é só às vezes. Porque na maior parte do tempo ele me parece muito  sincero. Como sempre pareceu, aliás. Inclusive enquanto dissimulava me  fazendo tão feliz. É, ele é um artista!
Mas isso não importa, agora.
Só queria te atualizar. Te contar que ele tem sido uma boa companhia, e  tem me divertido um tanto. E se levarmos em conta a posição a que ele  foi reduzido na minha vida, podemos até dizer que esse tanto tem se  tornado bem significativo nas ultimas semanas.
Mas não! Não se iluda, é realmente só isso.
Não voltei a ter ‘borboletas no estômago’, ver coelhos na lua, muito  menos ver brilhos que não estão mais onde eu costumava ver. Só tenho  achado ele boa companhia, por enquanto. Nada além disso. Ponto!
Mas já falei que isso não importa agora!
Do que eu tava falando mesmo? Ah, sim. Dos telhados, meus e alheios.
É, pois ele me fez pensar nesse assunto, que poucas vezes ocupou meu  tempo. E se uma pedra caísse na minha casa. E alguma coisa, daquelas  coisas que só acontecem com o vizinho, sabe?
E se essa coisa acontecesse  comigo?
Sinceramente? Não faço idéia, e nem sei também se quero mesmo pensar  sobre isso. É só que me chamou atenção, essa possibilidade. Mas o que eu  acho na verdade, é que sempre vai acontecer alguma coisa comigo, então acredito que estarei pronta, caso meu teto resolva desabar amanhã.
Até porque, minha casa já foi por tantas vezes, inundada, demolida,  invadida, apedrejada, enfim. A diferença é que eu já terei meus  alicerces fincados no chão, quando a próxima tempestade me atingir.
E o  que me restará a fazer será catar as roupas do lado de fora, fechar as  portas e janelas, me trancar no meu quarto, cobrir com meus lençóis os pés e a cabeça, e  abraçada ao meu ursinho esperar o barulho dos raios diminuir. Até poder  abrir as portas novamente!
Mas isso também não importa agora. 
Porque o tempo aqui ainda é quente. 
Faz um sol quase indecente e ainda não ouvi barulho algum no meu  telhado!
Como se isso fosse importar agora, né ?
 
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