08/12/2010

Trocando e miúdos.


Sabe do que mais?
Tenho o hábito de sumir, de não explicar, e de não falar nada.
Nunca tive problemas com isso, e me sentia bem assim..
Até ter vontade de falar, e sentir que já passei da hora.
Aí é que eu quero mesmo. Aparecer, falar, explicar.
E, meu amigo, quando eu explico. Explico tudo, tanto por tanto.
Troco em miúdos, graúdos e quantos mais você quiser!
Ontem mesmo, ele voltou a falar demais. Aquele tal de amiguinho que tem o hábito de ser nostálgico.
O das conversas sérias, sobre o que fizemos ou deixamos de fazer das nossas vidas.
Não tava com paciência pra muita embromação dessa vez, e pra duplos e triplos sentidos, complexos demais pro meu estado de espírito, então resumi tudo de forma sucinta:
'Ah, meu bem!
A gente toma consciência de que tudo é conseqüência, quando o tempo passa, e a gente vê que poderíamos ter feito diferente. Mas depois que já ta feito, nem saber que fez errado conserta nada, não é?'
Ele, riu. Não tinha o que falar. Eu tava coberta de razão, ele disse. E aquela razão que machuca, sabe?
É, as meninas sempre dizem que eu corto conversas de forma grosseira.
Nunca entendi o porquê. Mas sabe do que mais?
Nunca fez muita diferença saber o porquê de nada!
Porque então eu preciso me explicar, afinal?
Tá, já entendi. Eu sei que às vezes eu explico até demais. Mas entenda.
É só com o que eu acho quase completamente desnecessário.
Acredite!
Sempre me complico, quando preciso mesmo fazer alguém entender o que quer que seja.
Confundo completamente a todos, eu acho, inclusive a mim!
Mas sabe do que mais?
Ninguém nunca se esforça o bastante pra entender nada que não lhe salte aos olhos, e seja realmente do seu interesse.
Então, se quiser realmente que eu me esforce pra me fazer alguém compreensível.
Que antes de tudo se esforce pra me dar um bom motivo para tal!
Livre disso, continuo com meus maus hábitos, e se quiser saber mais..
Digo que não tenho tido problemas com isso, até então!
E isso me basta!

05/12/2010

Boomerangue.


...
Não sabia o que escrever, então comecei pelas reticências.
Não sabia o que falar, então me limitei aos vagos ‘ahan, eu entendo, amiga!’
Não sabia o que pensar, então eu.. éer.. Não pensei!
Falei tudo, de uma só vez, com garganta embolada e tudo mais!
Não me arrependo, porque sei onde joguei os meus quilos de receios contidos e quase controlados.
‘Mas entenda, amiga..’ - eu tentei dizer. – ‘Não é MEDO, desse jeito, em letras garrafais e perspectivas pavorosas de fracasso. Não é assim.. É só receio de estar vendo tudo pelo lado errado, sabe?’
E ela atacou: ‘Ah! Pra cima de mim, amiga? Você ta se fazendo de ingênua!’
E eu ri. Tive um acesso e ri descontroladamente.
Mas ela estava séria, e continuou a falar com a mesma máscara de serenidade:
‘Você ta vendo exatamente o que há pra ser visto e ta com medo, sim. Porque ta gostando do que vê. Pois saiba que eu to vendo a mesma coisa, estando de fora!’
E eu acho que eu fiquei feliz com isso. Com crise de riso e tudo!
Mas também com o tal ‘receio’ insistindo em acompanhar essa quase descontraída felicidade instantânea.
Dizem que eu tenho essa mania, né? Fazer o que?
O que eu fiz?
Fiquei martelando por horas, claro. Pensando em tudo o que já havia sido essa história, e se já não tinha sido tudo o que era pra ser.
E como um boomerangue, a lembrança voltava à memória por mais longe que fosse lançada. E junto, vinha a mesma conclusão de sempre nesse caso:
‘A mente não acompanha o corpo!’
Como não entendeu? Isso é tão óbvio! 
Pra ela era, - após ter me ouvido pacientemente por horas.
Ouvia atentamente, tudo sobre como o interesse em saber o que há por trás fora deixado de lado desde sempre, e em como os sentidos atentavam apenas para o que lhe parecia mais conveniente, como um imã, eu diria!
'Mas agora não, amiga!'
Os corpos nem se movem. A mente trabalha à frente de tudo, e trabalha sozinha.
Vai dando conta de se encantar com cada detalhe que lhe havia fugido há tempos atrás.
Penso em continuar a história de onde paramos, penso em por um ponto, uma vírgula.
Penso em passar a caneta e deixar que você continue, ou não.
Penso em parar de pensar, e voltar a usar as reticências que agora me parecem melhor companhia!