31/08/2018

a sensação é que eu dou voltas. me aprisiono no instante de sempre.
eu corro. paro. olho. e o instante é nada.
o ponto de contato é o mesmo ponto da fuga.
às vezes eu fico pensando em como as pessoas conseguem seguir, como se nada fosse.
mas, no fundo, eu sei o quanto a minha arrogância subestima o fato de que o outro pode tá sentindo tudo, vivendo tudo (de fato) e absorvendo tudo.
enquanto eu só sigo. como se nada fosse. e como se o meu nada, de sempre  aliás, fosse tanto e tão incabível que ninguém entenderia. pobre de mim.
o mundo tá desmoronando, e eu olhando pro meu umbigo.
o mundo caindo aos pedaços, e eu achando que meu peito seco é o maior problema de hoje.
o café nem esfria mais. não dá tempo.
eu me tornei uma síntese das histórias que eu não quero mais contar.
o dia me toma pelo braço e me mostra o quão miúda eu sou perto de tudo o que me proponho a fazer.
sou pequena pra ver. pequena pra saber. pequena pra sentir. pequena pra existir.
e a sensação volta. cada dia mais familiar. dando voltas nas mesmas questões.
aprisionada na mesma casa, que nunca se abre.
a cada tentativa alguém me empurra mais pra dentro.
o contraditório sempre se apresenta.
implorando por sentir algo. agonizando por existir.
e quando sente. sai correndo. por mais que tente re(existir), o movimento é quase orgânico.
quando eu percebo já tô inerte. acampada no céu de um dia que eu escolhi eleger pra me acalmar.
me sinto abraçando as pernas e me encolhendo em movimentos repetitivos pra frente e pra trás.
sentada, olhando. sentada dentro de mim. olhando uma projeção que eu sei que não existe num espaço/tempo possível.
me anestesiar na rotina nunca foi tão fácil. antes eu fingia não gostar.
hoje eu agonizo, mas é disso que me valho. é isso que me faz querer parar pra respirar e olhar pra cima. lembrar que eu sinto. mas só lembrar. que um dia eu posso.
"quando eu tiver tempo, energia e disposição", eu digo.
mas na verdade é quando eu tiver coragem.
queria parar de te olhar pelo espelho, sentar na sua frente e sentir.
mas a sensação é que a coragem nunca chega.
enquanto isso eu só rio dos outros. enquanto isso eu finjo existir.
dando voltas, como se nada fosse.

26/05/2018

da gota.

Não posso esperar. Pra que as coisas não se percam na memória.
Minha mão ainda tá trêmula e escrevo sem muita firmeza.
Sinto um vento delicado dilatar minhas pupilas.
Os ventos entram em meus olhos, em meus poros, quase pedindo licença, mas não tão sutilmente quanto possa parecer.
Esse é o ponto!
Transitei entre ciclos de sutileza e pesar. 
Quase morri, quase chorei, quase surtei.
Experimentei um pouco de cada um dos meus terrores noturnos.
Senti medo do meu medo de forma genuína. L Ú C I D A!
E da forma mais delicada possível cuidei de mim:
R E S P I R E !

Agora isso fez todo o sentido. Tudo fez!
Os espaços desse universo são projetados para nos empurrar aos nossos sentidos. Todos eles!
Todos Elos. Sou toda sensação!
E elas vêm todas ao mesmo tempo:
Frio, calor, muito frio, CALAFRIO, frio na espinha e enquanto eu pisco: MUITO CALOR!
Tudo em menos de de 15 segundos.

Em segundos você acorda.
Pra a importância de estar aqui agora .
De dar-se conta de si. SOZINHA.
S O Z I N H A !

Mas com a melhor energia circulando em volta.
Luzes que te acompanham, seguem o seu fluxo.
Tornam-se pontos de referência quando você se perde.
Você se perde TODO O TEMPO.
Perde o TEMPO. 

Ele escorre no canto da boca, por entre os dedos.
Escorre pela linha de suor que desce da nuca.
Escorre pelo seu cabelo enquanto te toca.
E quando você se dá conta ele nem existe mais. 
Se perdeu. Na memória.
Junto com todas as coisas que você não vai esquecer!



Pratigi - BA,
30.12.2017 - 5:40am.