10/03/2016

Notas de inquietação mental: Bobo da corte.


Sobre a habilidade de lidar bem com frustrações: não tenho.
Nunca tive aquele poder mágico de ficar 'ok' pra coisa qualquer que não tenha atendido às minhas expectativas. Contudo, é algo com o que se convive.
O café não tinha açúcar; não tem a cor que eu quero; não tem o meu número; a encomenda não chegou; o dinheiro não entrou; ele não veio.
Não é 'ok', mas logo menos passa. O que se há de fazer?

Ontem ele veio. Cheio de si, e das promessas que eu nunca pedi.
Trouxe uma carga de energia muito intensa. Até então, positiva.
Mas eu nunca pedi.
Não o conhecia, e achei que tudo fosse da experiência com gente.
Gente faz isso com a gente, né? Pra bom ou pra ruim!
Abobalha e faz a gente ver o quanto não esperar nada pode ser pouco pro tanto de coisa boa que o outro pode ter, só esperando que a gente queira.
Mas não era tudo bobagem. E isso também, eu nunca pedi!

Não tenho o hábito de espernear por muita coisa. E, provavelmente, ultrapasso constantemente os meus limites de tolerância só porque "não custa nada".
Mas custa. E todo limite ultrapassado, tem limite também!
E a esse respeito, especificamente, vou me permitir aqui uma transcrição.
Eu sei, ABNT não tem lugar aqui, nem a APA. Mas vamos fazer um exercício de compreensão.
Ou, no mínimo, licença poética, pro Alexandre Nero:

"Minta pra mim!
Diz que gostou da comida que eu fiz; Dos brincos que comprei, das flores que eu mandei.
Minta pra mim!
Diz que é pra sempre; Que não vive sem mim; Que nascemos um para o outro.
Minta pra mim!
Ria das minhas piadas sem graça; Termine as frases comigo e diga “compatibilidade de gênios”!
Diz que não ouve meu ronco; Que meu cheiro é bom, mesmo quando estou suado; Que dinheiro não traz felicidade.
Minta pra mim!
Diz que eu emagreci; Que a dieta da lua tá funcionando, mas pra eu não emagrecer mais, por que você gosta de “ter onde pegar”.
Diz pro mundo, que vc sempre me foi fiel; Que eu sou o seu primeiro, não que isso seja importante.
Mas a mentira é!
Eu não quero saber da verdade; Odeio gente que diz a verdade; Gente sem coração!
Quando vc me deixar....Quando você for embora. Diz que é pro meu bem,
Que é VOCÊ que me faz mal, que eu mereço coisa melhor, que eu sou sensacional.
Mas.....MINTA PRA MIM!!
Esse será o nosso combinado, o nosso segredo......eu e você, eternamente....
... como o Sr. Roarke e o Tatoo, numa Ilha da Fantasia."



Gostou, né? Conveniente, eu acho. Até demais!
O Nero é daquelas pessoas que você ouve falar e deseja que tudo se encaixe.
Deseja que aquela letra seja sobre você, e sobre qualquer coisa que você faça ou pense.
E quase sempre o é!
É daquelas poesias desorganizadas que te assaltam com coisas que você, talvez, nunca se daria conta sozinho. E eu quis. Que fosse simples assim. Como naquela conversa de que "os ignorantes é que são felizes".
Pois eu tenho algo a dizer: NÃO!
Não há nada que você possa fazer, a respeito da mentira, que me deixe feliz, nem por um segundo.
Nada da frustração que pese mais que a ilusão. Nem um grama. 
Sobre o Nero, não o ouça dessa vez. Não me vende os olhos. Não me tape os ouvidos. 
Gosto das coisas claras. Mesmo que não me caibam. 
A verdade não precisa ser uma cruz. não precisa ser a utopia dos discursos. 
Ela pode ser a minha dor. Mas passa!
Me machuque!
Me rejeite, frustre, desaponte, humilhe, se for do seu desejo.
Mas não. NÃO MINTA PRA MIM!

Só não me confunda. 
E não me subestime. Não sou de ordens e calmaria. 
Mas sou de clareza. Seja claro, e as consequências serão claras e diretas, mesmo que não tão calmas. 
E a esse respeito, tenho uma citação mais. A última, prometo!
E sobre essa, nem vou comentar. É, como eu disse, simples, direta, clara e autoexplicativa. 
No, sugestivo, DVD "Coração Inevitável" de 2013, Ana Cañas recita: 

"Não tem mistério, não tenha medo.
Seja sincero, diga a que veio.
Víscera, víscera, víscera, víscera...
O inimigo meu. Sou eu!"


Acabo de desconhecer um 'Bobo da corte'.