26/05/2011

Soul Mate Indicators Tabajara - RECORTE XI.

Se você quase sempre se apaixona por pessoas que te provocam, que esperam que você seja mesmo melhor do que é, que te beliscam o ego, que te torcem as certezas, que lançam fogo no lago calmo e azul da sua mente. Se você transa melhor com aquela pessoa que te irrita. Se você conversa melhor com aquela pessoa que pode discordar, se você vê mais beleza nas faíscas, nas fagulhas. Se você tem você como grande prioridade, ainda que estar apaixonado seja sua grande prioridade. Se você até tenta resolver o problema mas, por causa dos seus problemas, acaba complicando um pouco as coisas. Se você ri bastante mas também é um pouco deprê. E gosta de gente engraçada que também é um pouco deprê. Porque a graça real vem da tragédia que é estar vivo. Se você tem inveja de quem ama, apenas porque ama tanto que às vezes gostaria de viver dentro da pessoa. Ou só porque a inveja e o amor são coisas que nos acometem e não tem muito o que fazer. Se você tenta caminhar na corda bamba, mas vive esfolado, machucado e tonto, de tanto cair. Se você às vezes manipula e intimida e não deixa segura a pessoa amada, porque você é estragado de cabeça e de coração. Mas também abraça, pede desculpas e vomita tanta sinceridade que consegue ter charme e pureza nas maldades. Enfim, se você é errado e não serve pra alma gêmea de ninguém, talvez eu seja sua alma gêmea.


22/05/2011

Surdo mundo.















Sentar e ouvir, morar dentro.
Dentro de casa, da lata, do mundo.
Do mundo de dentro. Do mundo meu.
Meu sonho, no sono pesado do mundo.
Mundo parado, quieto, insosso, reto.
Reto de causa, de casa, reto de sonho, reto de mundo.
Mundo escuro, cego, quieto de morar.
Mundo sem sonho, sem sono.
Mundo mudo, sentado, morando.

Morando calado no mundo do sonho, o mundo.
Mundo da casa de dentro da gente.
Levanto, e saio do mundo.
Mudo, gritando um mundo de sonho, só meu.
Meu mundo, meu sonho, meu giro.
Mudo, abafado no sono.
E mudando o mundo de dentro.
Continuo no sonho, e só.
Sentada, calada, ouvindo e morando.
No mundo surdo de fora, que apaga o de dentro.
E não mora!

15/05/2011

Tempo e sorte.


Não gosto mais disso.
Sabe, ficar assim sem saber o que falar?
Tanto tempo sem falar nada.. E quando eu pareço explodir de ideias.. Elas saem correndo, como se eu fosse o maníaco daqueles livros de suspense médico, que eu não gosto, mas quando começo a ler, não paro nem pra respirar.
Ah, eu acho que no fim das contas eu não tenho mesmo o que falar, e fico aqui tentando enfeitar o tédio, a ansiedade e o frio na espinha.  Feito aquela menina, que senta na escada pra fingir que tá super empolgada com uma história qualquer, quando na verdade ela tá ali totalmente concentrada no caminho, esperando que algo aconteça, pra ela parecer surpresa e feliz, e finalmente ter motivo pra confessar que acredita em destino. Sabe destino? Então, como eu já ouvi dizer.. Eu acho que metade é tempo, e a outra metade é sorte. E eu só acredito nisso agora, e só acho que acredito. 
Mas enfim. A menina senta, olha pros lados. ‘Ótimo, não tem ninguém prestando atenção.’
Segura o livro, tapa os ouvidos e faz pose, cara de paisagem... Pura cena!
Pra parecer concentrada, desligada, desimportante, e desinteressada no mundo! E faz bem. Todo mundo acredita, que ela realmente não vê nada, não acha nada, não ouve, nem sente absolutamente nada.  Ali, imóvel. Quase uma mobília.
E eu não gosto disso, não assim. Não gosto de não saber o que vou esperar. Não gosto de parecer a menina da escada que tá sempre esperando demais. Não gosto de parecer outra menina qualquer. Além daquela que percebe o que de fato acontece, enquanto meninas fingem ler e estar distraídas e desligadas.
Gosto de ser acordada pelos meus sonhos, mesmo não gostando deles. Entende?
 Nem eu! Mas entenda, que eu gosto apenas de ver, e de ser pra mim, não apenas parecer.. apenas pra mim, quem eu sempre dei a entender que não era. Mentira! Pura cena!
Agora eu mudo todos os dias, e não consigo me observar de forma prática.
E eu não sei, não sei mesmo. Se gosto ou não disso. Mas agora, a menina levanta e encara os outros nos olhos, perdendo a sua capsula protetora de ver de fora o que todo mundo tenta ser pro outro, e pra si próprio.
A menina levanta, e sorri. E aquela história de ‘manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo’. É história pra boi dormir. Porque depender de sorte e tempo, é uma coisa que eu não sei dizer se ainda gosto, mas sei que é uma coisa que eu não sei fazer.
Nunca soube!