26/05/2012

liberté!




Como faz pra desconstruir?
"Liberdade é fazer o que se quer. Quando e como se quer."
Era o que eu achava, o que eu ouvia dizer. 
Era o que eu buscava.
Até ouvir que eu sou controladora e controlada.
E que a liberdade é ilusão. 
Ela nunca chega. Não sozinha.
Tenho que lidar com isso, agora.
Não poder ser livre e só.
Contraditório, eu diria.
Mas além disso.. e o que é pior.. faz sentido!
Aprender pelos outros, quem sou eu.
E aí sim, me compreender, regular, controlar.
Regulando e controlando o que está em volta.
É isso? 
Ser livre é estar um level acima.
Liberdade é ter construído o poder controlar.
Faz sentido. 
Mas pra mim, ainda parece contraditório..
Estar preso à liberdade!


 "O homem está condenado a ser livre"   (SARTRE, J.P)

19/05/2012

Eu retroflexiono: do verbo "calar".




PODE DEIXAR QUE EU RESOLVO!




















A ordem é essa.
A linha que divide a minha casa das outras é como concreto.
Mas é concreto aqui dentro. E o concreto pesa. Separa tudo!
Houveram dias de me calar, me conter, de me entalalar com meu grito.
Desde então um alarme mora em mim.
Antes de pensar em falar, eu já calei.
O maldito alarme é alto. E grita comigo:
"Não fale, não discuta, não faça barulho. Volte atrás!
Volte pra você! Pro silêncio da sua casa vazia.
Se não me obedecer tudo voltará pra você."
E eu obedeço, vou fazer o que?
É exatamente assim. As coisas vão e voltam.. Então, nem as deixo sair.
Evito contato desnecessário. Desgaste desnecessário.
Fico com tudo pra mim. 
Respiro fundo, engulo!
Se não sair, não tem como me atingir.
Se não sair, eu não machuco ninguém.
Não me sinto culpada por ninguém.
Se não sair, ninguém me machuca com a resposta.
Então, fica tudo aqui. Tudo meu!
Já que tudo é pra ser comigo.. que seja SÓ comigo.
Que volte só pra mim. 
E que seja só pra mim, o que tiver de ser. 
Porque sempre é pra mim!
E sempre vai ser!


Inspirado por estudos do conceito de "retroflexão", de Fritz Perls.

17/05/2012

Falling



"..É como uma represa pronta pra jorrar..."
Joga a pedrinha, e pronto. INUNDA TUDO.
Um veneno consciente, letal. Rápido e na dose certa.
Me joga no chão, como sempre. Desfaz a ilusão.
"A quem eu tento enganar?"
O medo, volta a mandar em mim, meu estomago volta a dar voltas.
E volta pro mesmo lugar.. "o mundo dá voltas.."
Quantas vezes vou rodar, rodar, rodar... e voltar pro mesmo buraco?
Pra casa mal assombrada, trancada.. Pro labirinto de concreto.
Até quando, me perder na minha segurança de mentira.. amarrada no pé da cadeira?
Até quando reter minha angústia requentada, dormida, acordada, assombrada?
Até quando sentir alfinetes enquanto respiro?
Agora não! Por favor, não!


O grito (1893) - Edvard Munch

Não quero esse escuro, esse silêncio, esse seguro velho, enferrujado.
Saí da caverna de Platão. Vou morrer por isso?
Vai doer por isso? Vou voltar pra isso?
Tava acordada, contendo tudo. Contentando com tudo.
Porque, meu bem, te meti nessa caverna louca, e fria?
Porque um bem assim, não pode ser? Só bem.
Sem fantasma, sem a outra, sem ninguém.
Só meu bem.
Porque?
Você tá vendo, meu bem? Era mentira.. a razão.. a calma.. a mentira.. era mentira.
A verdade é desespero. É voltar a fita, e encontrá-la.
Até quando? Porque? Como?
Ontem, hoje, amanhã.. todos os dias das nossas vidas?
Porque com você? Porque assim? Porque com Ela?
Regredi uns 5 anos, em 5 minutos, amor.
Você esperava por isso? Eu sei que não. Mas e agora?
Quanto tempo isso vai durar? Mais 3? 10? 1000?
Vai ser pra sempre, amor? Essa dor.. não acaba nunca?
Não deita pra dormir? Não cansa de mim?
Eu quero querer você, amor. Não quero sumir, não quero sair daqui.
Segura aqui, amor.. essa mão. Eu falei que era difícil.. mas tava me enganando, amor.
Como se fosse simples, como se fosse só isso.. qualquer um.. qualquer coisa.
Não é!
É você. E eu não quero partir.
Mas cade minhas forças, amor? Você tá brincando de novo?
Você escondeu minha armadura?
Ele me acertou, amor. To ferida de novo.. to sangrando.
Fica aqui, do ladinho.. quietinho.
Me deixa descansar um poquinho, amor. Quem sabe não passa, né?
Rapidinho, e eu volto.
Espero que eu volte.
Não quero ficar sem você. Mas não sei ficar com vocês.
Admito, era mentira. Tá vendo? Angústia?
Não tem nada certo. Nada calmo. Nada sob controle.. muito menos isso.
"E agora, o que vamos fazer? Eu também não sei!"