Porque é na madrugada que essas coisas aparecem.
Como quais? Todas elas.
A seca, a enchente, o escândalo, o castigo, o frescor.
Porque é nessas horas que os dedos estremecem, sofrem.
A polidez do dia ocioso se esconde atrás da tela do
computador, lento e cheio de vírus.
Irritante! Mas depois
eu resolvo.
Porque na madrugada, tenho mais o que fazer.
Pensar demais, quase chorar, sorrir do nada, desenganar,
entorpecer, quase morrer.
De pensar.
Ainda não me convenci. Do seu silêncio, da minha falta, do
embaraçar.
Porque é nessas horas que tudo fica embaraçoso e
interminável.
Pensar demais, querer demais, falar demais, achar demais, mas ter certeza.
Depois, talvez.
O tempo realmente se arrasta no ócio da madrugada
interminável, incontável, inabalável, incontestável. Testa de ferro.
Pura
desculpa pra o descontrole.
O descontrole dos dedos, dos nervos, do gosto, do novo.
T a q u i c a r d i a.
Assim, devagar, porém urgente. Dá pra entender?
Tentou sentir algo? Sentido algum? Eu sei!
Faltou o ar!
Cuspi tudo de uma vez, e só no fim me dei conta que prendia
a respiração.
Mas é porque nessas horas não dá tempo de respirar.
Tudo é muito, é todo, é de uma vez só. E é sem fim.
Mas só porque a essa hora da madrugada, é que tudo some.