03/08/2013

Segue a letra



Sua letra dança?
Dá pra acompanhar o ritmo de tudo o que te toca?
Em que lugar fica a calma, de andar descalço no vento e na chuva?
Minha calma ficou naquela poça que eu pulei. E a deixarei bem onde está.
Quero a batida dessa música que traz o céu pra cabeça da gente.
De toda essa sua calma, de toda sua dança, de todo descabelar, quero apenas o ritmo.
Quando acordar quero ouvir de novo, a minha letra cantada no sonho da noite passada.
A minha letra dança, pinta e borda.
Tem vontade própria, e é mais dona de si do que eu mesma.
É dona de mim, na verdade.
E dança, e grita e zanza. 
Na chuva, no sol, céu, no lençol.
A palavra cantada em você tem mais de mim do que parece ser.
Colorida e barulhenta, minha letra canta a sua no canto de qualquer esquina.
Mas e a sua? Sua letra sabe dançar? De olhos fechados, sua palavra vê a cor do ritmo que eu vejo?
Então, fecha os olhos e, enquanto eu te toco, faz sua calma se espalhar no chão.
E deixa sua letra dançar comigo!

22/07/2013

Insônia


Parece que o silêncio de todo esse tempo emudece o pensar da gente.
Parece.
As ideias são todas tortas, e mais confusas do que sempre. - Se isso for possível.
Perdi o ritmo, a poesia, e a melodia da minha confusão sempre tão afinada na ponta dos dedos.
Como faz pra achar o compasso, no meio do vento? No meio da noite?
Como faz pra sair da inércia? Pra sair do sossego?
É isso! Desarrumar, desfazer a bagagem organizada com tanto custo.
Desassossegar a confusão amontoada sobre um punhado de palavras cheias de poeira.
Cheias do que fazer, e de querer emudecer.
O sentido do que eu dizia antes chegava no correr dos dedos entre as teclas.
Cadê o caminho de volta pro labirinto?
Nem me olhe assim, não sou louca. Não a esse ponto.
A luz do lado de fora é muito forte, e eu to cansando disso. 
Quero a escuridão onde eu só encontrava os sonhos das noites sem sono.


As noites sem sono voltaram, e ele diz que eu só reclamo disso desde os escritos primários.
Mas é disso que eu tiro a minha insanidade criativa.
Enquanto o mundo dorme, eu faço planos mirabolantes de dominar o mundo.
Eu, dominar o mundo!  Pode rir, eu deixo.
Não consigo dominar meu sistema nervoso, imagina o resto!
Não consigo dominar nem meu silêncio, imagina o sistema nervoso!
Mas se nem o barulho dos sonhos acordados de sempre eu to sabendo organizar..
Como eu vou dominar algo que nunca foi meu, esse tal silêncio?
Ele morde quando encosta?
Eu penso que sei, mas só o conheço de vista.
Ele nunca esteve por dentro, só na vista dos outros.
Ele tem me deixado muda, mas é só acomodação.
No fundo ainda é tudo desordem, barulho e falta de sono!