13/11/2016

da expectativa.

no meio do dia quente,
amargo, amarrotado no sofá desarrumado...
um filme.
um filme de domingo.
daqueles que a gente sabe [eu sei] que não vão ter o irritante final feliz de sempre.
certeiro!

o que me abateu, escorreu pelo rosto.
a sensação de refletir aquele homem.
a sensação de não desejar que fosse feliz.
de apenas entender, resignado, que não seria feliz.
"mas estava ali, e isso já não era o bastante?"

histórias se cruzavam todo o tempo, enquanto a gente se iludia pensando querer um final feliz.
mas quem quer "chegar lá"? o que é "chegar lá"? onde é "lá"?
lá é quando a gente acorda e percebe que a chegada é agora!
quando a gente acorda e se dá conta que o esperar não basta.
a gente acorda e vê que a garota desajustada que salva o chato da vida de merda, não vem.
que o certinho que equilibra a fuga desordenada da menina problemática, também não vem.
o chato, irritante, que vira melhor amigo sábio, já foi embora. tá cuidando da vida.

e a gente? a gente é a soma de todo o caos que não tem fim nos créditos.
a bagunça que não é graciosa. a tristeza que não é poética.
a melancolia que não é tema do Woody Allen.
o desassossego que não tem remédio.
o drama incompleto que não tem solução. como no filme de hoje.
ninguém saiu feliz. e ninguém o quis.
nem eu.

já era noite. enxuguei o rosto, e parei dois segundos.
"que bom, um final real pra a angústia."
incompleto. quieto e resignado.
chegou lá, Mr. Carter.
eu também.
enxuguei o rosto, e sorri.
dois segundos amarrotados
de um domingo amargo sem sofá.

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