21/08/2016

Da chuva.

Olhava pra luz, enquanto encostava a cabeça pra ouvir.
O que saltava era um zumbido colorido. Esmaecido pelo olho marejando.
Do que será que tem medo aquela nuvem correndo quando a terra para?
Deve ter medo dessa gente que apressa o mundo.
Que acha que regula o tempo. Que toca no outro sem sentir.
Essa gente é tanta, e tão pouca. Não ouve o zumbir que engarrafa o céu da cidade inteira.
Continuei a olhar pra a luz e me dei conta que já deitava no quintal do mundo,
Dando voltas na casa vazia de dentro da mudez de sempre. Esperando e esperando...
Nem vi quando o sorriso abriu. Só via sol. E aquele barulho miúdo, quase surdo.
Desperdicei todo o tempo cuidando do que nem sei. Com medo do que nem vi.
E daqui pra depois só penso em levar a alma pra lavar, no barulho que cai e leva o medo e o todo.
Da nuvem e meu.
O meu medo? Não, dessa gente não mais.
Meu medo é não estar. Meu medo é do corpo calar.
Meu medo é não desgovernar. E mais.
Meu medo não é ser barulho, zumbido nem luz.
Meu medo é não ser!

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