15/05/2011

Tempo e sorte.


Não gosto mais disso.
Sabe, ficar assim sem saber o que falar?
Tanto tempo sem falar nada.. E quando eu pareço explodir de ideias.. Elas saem correndo, como se eu fosse o maníaco daqueles livros de suspense médico, que eu não gosto, mas quando começo a ler, não paro nem pra respirar.
Ah, eu acho que no fim das contas eu não tenho mesmo o que falar, e fico aqui tentando enfeitar o tédio, a ansiedade e o frio na espinha.  Feito aquela menina, que senta na escada pra fingir que tá super empolgada com uma história qualquer, quando na verdade ela tá ali totalmente concentrada no caminho, esperando que algo aconteça, pra ela parecer surpresa e feliz, e finalmente ter motivo pra confessar que acredita em destino. Sabe destino? Então, como eu já ouvi dizer.. Eu acho que metade é tempo, e a outra metade é sorte. E eu só acredito nisso agora, e só acho que acredito. 
Mas enfim. A menina senta, olha pros lados. ‘Ótimo, não tem ninguém prestando atenção.’
Segura o livro, tapa os ouvidos e faz pose, cara de paisagem... Pura cena!
Pra parecer concentrada, desligada, desimportante, e desinteressada no mundo! E faz bem. Todo mundo acredita, que ela realmente não vê nada, não acha nada, não ouve, nem sente absolutamente nada.  Ali, imóvel. Quase uma mobília.
E eu não gosto disso, não assim. Não gosto de não saber o que vou esperar. Não gosto de parecer a menina da escada que tá sempre esperando demais. Não gosto de parecer outra menina qualquer. Além daquela que percebe o que de fato acontece, enquanto meninas fingem ler e estar distraídas e desligadas.
Gosto de ser acordada pelos meus sonhos, mesmo não gostando deles. Entende?
 Nem eu! Mas entenda, que eu gosto apenas de ver, e de ser pra mim, não apenas parecer.. apenas pra mim, quem eu sempre dei a entender que não era. Mentira! Pura cena!
Agora eu mudo todos os dias, e não consigo me observar de forma prática.
E eu não sei, não sei mesmo. Se gosto ou não disso. Mas agora, a menina levanta e encara os outros nos olhos, perdendo a sua capsula protetora de ver de fora o que todo mundo tenta ser pro outro, e pra si próprio.
A menina levanta, e sorri. E aquela história de ‘manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo’. É história pra boi dormir. Porque depender de sorte e tempo, é uma coisa que eu não sei dizer se ainda gosto, mas sei que é uma coisa que eu não sei fazer.
Nunca soube!

2 comentários:

  1. O Tempo e A Sorte, neguinha, andam aparentemente ligados por eventos sequenciais, causais, tipo: o tempo corre e algo diferenciado acontece... Mas existe um fenômeno chamado Sincronicidade (em minha amada Psicologia Analítica ou Jungiana: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sincronicidade) que explica como e quando o Tempo e a Sorte se abraçam e o que chamamos
    Destino nos toma de assalto e a queima roupa... Esses momentos, pequena, (quando são bons) eu chamo de Encantamentos, Alumbros e Alumbramentos... E não há "cara de paisagem" que contenha os sentimentos que acendem nossa Alma... Subjacente a uma aparente aleatoriedade pode existir uma grande simbologia e significação... Algumas Paixões alguns Alumbramentos algumas Delícias nos tomam exatamente assim...

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  2. E o nosso poder de interferir pra mudar o nosso tempo, e fazer a nossa sorte?
    Onde fica? ;)

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