05/12/2010

Boomerangue.


...
Não sabia o que escrever, então comecei pelas reticências.
Não sabia o que falar, então me limitei aos vagos ‘ahan, eu entendo, amiga!’
Não sabia o que pensar, então eu.. éer.. Não pensei!
Falei tudo, de uma só vez, com garganta embolada e tudo mais!
Não me arrependo, porque sei onde joguei os meus quilos de receios contidos e quase controlados.
‘Mas entenda, amiga..’ - eu tentei dizer. – ‘Não é MEDO, desse jeito, em letras garrafais e perspectivas pavorosas de fracasso. Não é assim.. É só receio de estar vendo tudo pelo lado errado, sabe?’
E ela atacou: ‘Ah! Pra cima de mim, amiga? Você ta se fazendo de ingênua!’
E eu ri. Tive um acesso e ri descontroladamente.
Mas ela estava séria, e continuou a falar com a mesma máscara de serenidade:
‘Você ta vendo exatamente o que há pra ser visto e ta com medo, sim. Porque ta gostando do que vê. Pois saiba que eu to vendo a mesma coisa, estando de fora!’
E eu acho que eu fiquei feliz com isso. Com crise de riso e tudo!
Mas também com o tal ‘receio’ insistindo em acompanhar essa quase descontraída felicidade instantânea.
Dizem que eu tenho essa mania, né? Fazer o que?
O que eu fiz?
Fiquei martelando por horas, claro. Pensando em tudo o que já havia sido essa história, e se já não tinha sido tudo o que era pra ser.
E como um boomerangue, a lembrança voltava à memória por mais longe que fosse lançada. E junto, vinha a mesma conclusão de sempre nesse caso:
‘A mente não acompanha o corpo!’
Como não entendeu? Isso é tão óbvio! 
Pra ela era, - após ter me ouvido pacientemente por horas.
Ouvia atentamente, tudo sobre como o interesse em saber o que há por trás fora deixado de lado desde sempre, e em como os sentidos atentavam apenas para o que lhe parecia mais conveniente, como um imã, eu diria!
'Mas agora não, amiga!'
Os corpos nem se movem. A mente trabalha à frente de tudo, e trabalha sozinha.
Vai dando conta de se encantar com cada detalhe que lhe havia fugido há tempos atrás.
Penso em continuar a história de onde paramos, penso em por um ponto, uma vírgula.
Penso em passar a caneta e deixar que você continue, ou não.
Penso em parar de pensar, e voltar a usar as reticências que agora me parecem melhor companhia!  

2 comentários:

  1. e toda fez que leio seus textos eu fico encantada..
    voce ta conversando comigo? =D
    Eu concordo ‘A mente não acompanha o corpo!’ é obvio!!

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  2. é impressionante a maneira ' limpa ' com que você descreve uma situação.
    Eu queria escrever, mesmo que um pouco, tão bem como você.
    Admito e admiro! (:

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