11/06/2010

Uns poucos inteiros.

Mordo os lábios, olho pro outro lado e respiro fundo.
Enquanto mordo, sinto o dolorir que já havia se feito antes.
Num primeiro momento, ansiedade, sensações estranhas. Num segundo uma angústia incontrolável. Uma súplica por um abraço. Isso! Assim eu defino a segunda mordida.
E agora? Agora é a busca por uma estrada quase palpável de palavras pra definir o sentir, o estar.
Verbos?
Não! São poucos os tempos a se aplicar. Presente, pretérito, perfeitos, imperfeitos, mais que perfeitos.. E os menos perfeitos, ou quase perfeitos, onde estão?
Menores são as formas, os tons, as cores. Mas do que eu estou falando?
Onde estou agora, na minha estradinha de letrinhas?
Acho que me perdi. Vejo apenas as letras crescendo à frente, e ao redor. Mas não me assusto.
Não mais! Já fui atormentada por essas mesmas sentenças em momentos menos propícios.
É! Hoje o dia combina com elas. Confuso, Incerto. Contradisse a previsão da manhã.
E a noite, revirou as perspectivas e as tornou assimétricas. Desconcertadas. Confusas!
Já disse que tenho preguiça, hoje. Não quero pensar, não quero falar, não quero nem ouvir.
Mas talvez fosse bom.. talvez acalmasse, ouvir um mantra, um acorde que fosse. Uma daquelas canções que me fazem desprender os dentes, fechar os olhos e chegar a nem sentir que respiro. Mas não quero barulhos demais. Desisti dos cantos berrados que energizam e dão o fôlego pra cantar. Quero a música doce, a voz quase muda, quase rouca, quase calma, de um quase gritar pra me fazer dormir, talvez quase acordar!

Hoje não quero nada de inteiro. Mas entenda: SÓ HOJE!
Não quero extremos, não quero paixão, não quero drama, intensidade, não quero detalhes.
Só por hoje eu dispenso todas as certezas intragáveis dos meus dias. Todo o tédio, toda a euforia. Tudo que se faz em demasia. Dispensado!
Hoje eu quero um ‘quase’. Um quase, quase meu. Metade seu, talvez, mas ainda não tenho essa certeza também.
Quero um quase sorrir, quase cantar, quase chorar, quase gritar, quase ouvir, quase falar, quase dormir, quase ir, ou vir.. E um quase fim.
Quero de inteiro hoje apenas algumas coisas, que posso contar nos dedos.
Um colo, um abraço, um sorriso.. Inteiros, mas poucos!
 

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